27 novembro, 2013

Manifesto é contra entrada de empresa privada no HC


Docentes divulgam documento de repúdio contra a possibilidade de parceria do Hospital das Clínicas com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares


Professores e representantes sindicais criaram um manifesto contra a inclusão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) no Hospital das Clínicas (HC). Durante reunião no Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (CE - UFPE), nesta segunda-feira (25), os docentes criticaram a possibilidade de entrada da empresa privada na gestão da instituição de saúde pública, que além servir para o atendimento à população, funciona como hospital-escola para os estudantes da Universidade.
No manifesto em defesa do HC, são contestados a perda de autonomia por parte da UFPE, as “políticas salvadoras do mercado”, ou seja, o caráter de privatização do bem público por parte do projeto de gestão da EBSERH. “Por ser um espaço de formação, quem precisa gerir o HC são os professores. Tememos, inclusive, para a interferência nos currículos dos alunos, após esta possível entrada da EBSERH. Isto pode representar uma porta de entrada para outras privatizações”, explicou o diretor do CE, Daniel Rodrigues.
A definição sobre a entrada ou não da empresa na gestão do hospital é prevista para até o final deste ano. O objetivo do manifesto é tornar pública a preocupação e buscar impedir o processo, através da mobilização de alunos, profissionais e a sociedade como um todo. Na opinião do deputado federal e membro da Comissão de Educação da Câmara Federal, Paulo Rubem, a pressão precisa vir das ruas. “O caminho é retomar as mobilizações, ocupar as ruas. Os reitores precisam deixar de olhar para os seus próprios umbigos, porque hoje é a EBSERH, mas amanhã vão atacar outras áreas de direito público”. De acordo com o presidente da Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe), José Luis Simões, a participação dos servidores da UFPE na nova gestão do Hospital da Clínicas seria mínima. “A reitoria indica apenas um membro, dentro de uma equipe gestora de cinco ou seis participantes”. Sobre o sucateamento do hospital e o decréscimo do número de residências para os estudantes da área de saúde, os representantes apontaram não problema de gestão, mas interesses políticos que, por exemplo, deixam de aprovar projetos de hospitais públicos em detrimento das entidades privadas.
O HC sofre com a precariedade dos serviços prestados, e não prestados, à população. Cirurgias desmarcadas por falta de medicamentos, banheiros em estados críticos e a falta de manutenção dos elevadores do hospital são queixas recorrentes de quem precisa dos serviços no local. Em setembro, dos nove elevadores disponíveis no HC, apenas quatro estavam aptos para uso.
Pouca adesão estudantil - No documento subscrito por representantes de entidades acadêmicas de Pernambuco e mesmo de outros estados, é perceptível a pequena presença de estudantes da UFPE, principalmente os da área de Saúde, diretamente afetados pelo projeto da EBSERH. Na opinião da estudante de serviço social, Raíssa Bezerra, a promessa de resolução fácil dos problemas, através da entrada da EBSERH, sem dúvida atrai muitos alunos.
“É nossa tarefa, junto aos professores envolvidos, convocar mobilizações que esclareçam a situação para os estudantes. É complicado, principalmente por não termos uma entidade central que represente as mobilizações atuantes na Universidade”, afirmou Raíssa.

Fonte: LeiaJá