11 junho, 2019

Pauta TAE - Perguntas e respostas dos candidatos a reitor da UFPE na gestão 2019-2023

Zelando pelo interesse da categoria, a direção do Sintufepe-UFPE encaminhou de forma prévia uma série de três perguntas as duas chapas concorrentes nesta Consulta Acadêmica, tratando dos eixos “Segurança”, “Saúde do servidor” e “Redimensionamento de pessoal”.

Cada pergunta é seguida pelas respostas de cada chapa.



EIXO 1: SEGURANÇA
Os movimentos sociais têm sido, inegavelmente, os grandes protagonistas das fileiras cerradas em defesa da universidade e da educação pública, gratuita e de qualidade no Brasil. As ocupações promovidas em todo o país de escolas e universidades por estudantes contra a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos, em 2016, são exemplo notável e reconhecido desse processo. Contudo, a atual política de segurança institucional da UFPE tem sido pautada pela criminalização dessa atuação. O uso do aparato de inteligência institucional (recursos humanos e materiais) para a produção de arquivos contra estudantes e servidores e a formação de processos de acusação sem provas colocam a gestão em uma situação contraditória. Diante desse quadro local, e do recrudescimento da perseguição a ativistas de movimentos sociais, qual a posição da chapa em relação à atual política de segurança institucional da UFPE, especificamente em relação à criminalização dos movimentos?

Alfredo e Moacir (55): Nós não iremos criminalizar os movimentos sociais, os movimentos estudantis na universidade e também fora da universidade diante de lutas justas. A nossa perspectiva é fortalecer tanto os movimentos sociais quanto estudantis no sentido da participação, do espaço para ideias. A segurança institucional deve ser reorientada quanto ao convívio institucional junto aos movimentos estudantis e sociais. É fundamental ter uma política de segurança, mas precisamos redefini-la e reorientá-la. Para tanto, precisamos promover debate amplo com a comunidade, poder público e comunidades do entorno sobre a nossa política, inclusive no combate a todos os tipos de discriminação que possam por ventura existir. Precisamos equipar a segurança institucional e dar melhores condições de trabalho, garantindo também formação permanente para que a atuação corresponda à vida universitária, de integração e de respeito às diferenças. Os movimentos sociais possuem pautais importantes, sobretudo na defesa do estado democrático de direito, que precisam estar em sintonia com os interesses da universidade.

Libonati e José Luiz (59): Não se pode desconhecer o papel dos movimentos sociais em defesa da universidade e da educação. Recentemente, o Ministério da Economia divulgou cortes de recursos para a área, o que intensificou as ações de várias organizações no sentido de ir para as ruas protestar, pressionando o governo. Nesta semana a Justiça mandou o MEC suspender estes cortes. Portanto, é importante que se tenha uma visão crítica das políticas governamentais, e que as demandas da sociedade sejam levadas em consideração. Portanto, somos contra a criminalização de tais movimentos, quando agem dentro do marco constitucional. No que se refere à política de segurança institucional da UFPE, nós defendemos que haja uma política de diálogo, e que quaisquer medidas tomadas tenham como premissa o respeito ao marco legal e institucional, sem derivar para situações de enfrentamento. Apostamos muito no diálogo e nossa história institucional mostra isto. Acreditamos que temos uma segurança que busca o aprimoramento, tendo recentemente sido selecionado pelo 23o concurso de inovação brasileiro na modalidade de inovação em serviços e políticas públicas. Além disso, pelo segundo ano o nosso serviço de segurança foi convidado para a feira mais importante de segurança do mundo para apresentação de seus trabalhos. O que temos que fazer é trabalhar para fornecer melhores condições de trabalho aos nossos estudantes, técnicos administrativos e professores, bem como para que os serviços de segurança possam operar no mais alto nível tecnológico, sendo modelo para diversas outras instituições.


EIXO 2: SAÚDE DO SERVIDOR
Como a chapa avalia a perspectiva de manutenção e ampliação dos serviços de saúde ofertados pelo Núcleo de Atenção à Saúde do Servidor (NASS), incluindo estratégias de direcionamento de demandas para o Hospital das Clínicas, mais atendimento em especialidades médicas e alternativas de serviços integrados em saúde para servidores – a exemplo das atividades ofertadas pelo Serviço Integrado de Saúde (SIS)?

Alfredo e Moacir (55): A política de saúde do servidor precisa ser vista como política estratégica. Em primeiro lugar, nós iremos apresentar e elaborar uma política de gestão de pessoas e qualidade de vida da universidade.  A PROGEPE terá um papel muito importante neste cenário, desenvolvendo políticas pró ativas e propositivas para fortalecer o conjunto de ações que fortaleçam a qualidade de vida e o bem-estar dentro da universidade. Precisamos discutir em mesas de diálogo permanente com os técnico-administrativos questões que tocam profundamente a categoria, para formulação de políticas específicas, inclusive com fundamental articulação com o Sistema Único de Saúde e suas políticas nacionais voltadas ao/à trabalhador/a. Nosso compromisso está em equipar e apoiar o CIS, para que possamos desenvolver um conjunto de ações com impacto imediato na saúde dos técnicos administrativos, em seu sentido mais amplo. Para isto, o Núcleo de Atenção a Saúde do Servidor precisa ser fortalecido.

Libonati e José Luiz (59): O NASS oferece assistência médica básica ambulatorial e realiza exames periódicos e admissionais dos servidores da UFPE. No contexto atual em que o acesso aos planos de saúde se tornam cada vez mais difíceis pelo aumento dos valores, que têm aumentos que correm na frente do reajuste dos servidores, um órgão como o NASS adquire um papel cada vez mais relevante, quando se pensa na saúde do servidor. E a demanda só tende a aumentar. Um dos eixos de nossa campanha é exatamente o de Pessoal. O cuidado com as pessoas é primordial, sem elas não podemos falar de uma universidade de qualidade e referenciada. Consideramos que a estrutura do NASS, apesar da dedicação de seus integrantes, é incipiente para o correto atendimento da demanda atual e crescente. Outro eixo de nossa campanha se refere à integração, e neste contexto uma atuação de forma integrada do NASS com o HC é altamente desejável. Acreditamos que pode haver uma perfeita sintonia de atuação do NASS, e trabalharemos para isso. Uma das primeiras medidas de nossa gestão é a volta intensificada dos exames periódicos de todos os servidores. Achamos que a prevenção deve ter um papel preponderante. Portanto, um novo redesenho, ouvindo os componentes do NASS, do HC e representações dos servidores, é um assunto prioritário para o nosso início de gestão.


EIXO 3: REDIMENSIONAMENTO DE PESSOAL
Nesta semana, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou: "Nas nossas contas, 40% dos funcionários públicos devem se aposentar nos próximos cinco anos. Não precisa demitir. Basta desacelerar as entradas"* Na ocasião, segundo a imprensa*, o ministro disse que não deverá realizar concursos públicos nos próximos anos e, em contrapartida, investirá em digitalização de processos e na redução da burocracia. Neste cenário, com a possibilidade de redução do quadro do funcionalismo público à quase metade, acreditamos haver uma propensão ao sucateamento dos serviços prestados ao público pela universidade e à precarização do trabalho de seus servidores, tanto no que tange às atividades desenvolvidas por docentes, quanto por técnicos administrativos. Tais propostas, centradas na digitalização e na desburocratização, não são suficientes para lidar com esse quadro. 
Como a chapa pretende lidar com essa iminente redução em seu quadro de servidores, tanto no que concerne à gestão de pessoas nos campi, quanto em seu posicionamento político nos órgãos onde a reitoria tem representação, como a Andifes?

Alfredo e Moacir (55): A pauta central no contexto atual e nacional das universidades públicas federais é uma pauta da unificação.  Elas devem negociar com o ministério da educação de forma coletiva, una, como conjunto e não deverá, portanto, existir reivindicação isolada, que pode fragilizar uma luta que é de todas as instituições. Devemos trabalhar na perspectiva para evitar todo tipo  ingerência e cortes de recursos da universidade assim como diminuição de nossos quadros de pessoal técnico-administrativo e também de pessoal docente. Essa causa, como bandeira, deve ser coordenada por meio da Andifes, mas também por meio de um protagonismo e de uma liderança que implica a capacidade de trazer as associações cientificas, as associações dos trabalhadores/as das universidades, os/as estudantes e suas representações, assim como a frente parlamentar em defesa da universidade pública, dentre outras instituições, para efetivamente apresentar uma pauta concreta de ampliação do quadro de pessoal técnico-administrativo, servidores docentes e dos recursos da universidade.
Não podemos deixar que esse patrimônio estratégico brasileiro, que são suas universidades públicas, volte a ser sucateado e subfinanciado no contexto atual. A universidade como patrimônio nacional faz parte de um projeto de País e de um projeto de nação e por isso precisamos estar unidos nesta luta em sua defesa. Professores/as, técnicos/as e estudantes devem estar nesta luta, de forma engajada e cotidiana, para vencermos as dificuldades e os cortes atuais, propondo ações concretas para a garantia do direito à educação, o fortalecimento da universidade, educação e defesa da sua autonomia.

Libonati e José Luiz (59): Sem dúvida, somos de acordo que todas as instituições públicas devem funcionar de forma eficiente, fornecendo os melhores serviços à sociedade, que as financia através dos impostos dos seus cidadãos. Este é um principio básico. Não aceitaremos políticas que levem à redução da qualidade destes serviços. Pelo contrário: acreditamos que os recursos humanos associados à tecnologia podem melhorar e ampliar estes serviços. Iremos bater na porta do  MEC sempre que a universidade for exposta a qualquer política adversa. Acreditamos que a Andifes deve ter um papel mais proeminente neste aspecto, e estando lá nos pautaremos por uma frente ampla de todas as IFES em defesa do ensino, pesquisa e extensão. Estando no Nordeste, a UFPE deve ter um papel mais relevante e afirmativo ainda, dadas as desigualdades de nossa região, e dados os estudos que mostram que a educação é condição sine qua non para a mobilidade social. Iremos lutar pela reposição de vagas, e inclusive pela criação de vagas onde se façam necessárias, sempre considerando o aspecto da eficiência no atendimento dos anseios da população. Um elemento central neste ponto é de trazermos a sociedade para o nosso lado, mostrando o seu papel relevante para o progresso do país e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Sem o apoio da sociedade a luta será difícil. Não tergiversaremos na defesa dos interesses da população.