09 janeiro, 2021

Muito mais do que 200 mil vidas

7 de janeiro, primeira semana de 2021, o Brasil atingiu a triste marca de 200 mil mortes por covid-19. A primeira vítima fatal no país foi registrada no dia 12 de março de 2020. Nesse início de ano também batemos o recorde diário de óbitos: no mesmo dia 7 foram registradas 1.841 levadas pelo coronavírus. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

E qual é a situação dos profissionais de saúde? Um terço das mortes entre profissionais de enfermagem por covid-19, em todo o planeta, estão no Brasil, conforme publicou hoje o jornal El País.

O Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos, com o maior número de mortos e infectados por essa doença. Em todos os países atingidos por essa pandemia é a população mais vulnerável, em situação de rua, ribeirinhos, moradores de favelas, quilombolas e indígenas, segmentos socias majoritariamente compostos por negros e mulheres, além da população LGBTQIA+. São esses os perfis humanos que tem sido acometidos com maior intensidade nessa tragédia sanitária atual. 

A dimensão desse impacto devastador nos leva a destacar que por trás dos números estão vidas humanas, famílias brasileiras sendo desmontadas e o clamor de que o Poder Público deve assumir o combate à essa crise sanitária.


Desigualdade social

O espelho desse desastre social agrava o principal problema vivido no Brasil, a desigualdade. Em outubro do ano passado 14 milhões de famílias estavam inscritas no Cadastro Único do Ministério da Cidadania, do governo federal. São quase 40 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, pessoas que em absoluta maioria não tem acesso regular à água, higienização, moradia própria e que se veem descobertas, ainda mais com o fim do auxílio emergencial que chegou a alcançar mais de 60 milhões de brasileiros. O aumento de famílias em situação de extrema vulnerabilidade cresceu em mais de 1 milhão e 300 mil, só nos dois primeiros anos do governo  Bolsonaro.


Vencer a pandemia e a desigualdade

A adoção de políticas públicas baseadas em evidência científica é determinante no destino da saúde e da vida da população brasileira. Posturas negacionistas e de negligência com às famílias e vítimas, sustentando mentiras diariamente, chamando o vírus de “gripezinha” e mais, pondo em dúvidas a eficácia de uma política de imunização através da vacina, tal como sistematicamente tem feito o Presidente da República, apenas colocará mais gente em risco de morte.

Vencer o coronavírus implica na construção de uma política nacional integrada que inclua os estados e municípios para o enfrentamento da doença, com o imediato início das vacinações, seguindo criteriosamente o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS). Diante de um desafio com essa grandeza, aplicar uma sistemática de imunização em massa da população, obedecendo critérios sociais e humanitários, é hoje o primeiro passo para o país iniciar também a batalha contra a abissal desigualdade social brasileira.

A partir daí, cabe ao Estado garantir acesso à renda básica às pessoas socialmente vulneráveis, movimentando os setores econômicos fundamentais, o que irá gerar emprego e cidadania para cada brasileiro que não pode ser visto como apenas mais um número.

Sintufepe UFPE

Em defesa da democracia, saúde, educação e do Serviço Público!

Fora Bolsonaro e Mourão!