A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), utilizando-se da autonomia universitária, retornou às atividades de forma híbrida (presencial e remota), no dia 25 de janeiro, antes mesmo do prazo recomendado pelo governo federal. Em sua Portaria nº 1.038, de 07/12/2020, o Ministério da Educação havia fixado o retorno às aulas presenciais em 1º de março de 2021. Diante disso e do agravamento da crise epidemiológica no estado de Pernambuco, o Sindicato dos Trabalhadores da UFPE – Sintufepe vem a público reiterar a decisão da categoria contra o retorno ao trabalho presencial, até que haja a necessária imunização da sociedade para assegurar as condições de biossegurança e de saúde de toda a comunidade de servidores, trabalhadores terceirizados e estudantes dos Campi Recife, Caruaru e Vitória de Santo Antão.
No momento de recrudescimento da contaminação por Covid-19 no País, que tem levado as autoridades federais, estaduais e municipais a recuarem dos planos de abertura dos espaços e de serviços públicos e privados, não é razoável, neste momento, manter uma política de retomada das atividades presenciais. Essa medida coloca a Universidade na contramão da ciência, sujeitando profissionais ao risco de contaminação pelo coronavírus, seja no translado ou no próprio ambiente laboral.
As primeiras etapas da campanha de vacinação, ainda incipientes diante da necessidade real da população brasileira, sequer são suficientes para imunizar metade do primeiro grupo prioritário. A política do governo Bolsonaro é destrutiva, segue na contramão dos interesses da maioria dos brasileiros, e suas políticas, particularmente as ações de combate à pandemia de coronavírus, acumulam fracassos. Além do posicionamento “antidiplomático” nas relações internacionais, as diretrizes que definem os públicos prioritários do Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19 dão margem à burla. O equacionamento e superação destes problemas são fundamentais para garantir uma imunização de amplo alcance.
Neste cenário de incertezas e de novo crescimento da pandemia em todo o País, em particular no Estado de Pernambuco, a determinação da Reitoria da UFPE pelo retorno ao trabalho presencial apresenta uma sinistra relativização dos riscos à saúde pública, compromete o princípio da isonomia, evidencia a exclusão de trabalhadores(as) a partir dos 60 anos, expõe quem possui comorbidades e demonstra profundo descuido e fragilidade com a saúde e com a vida de toda a comunidade universitária. A instituição não investiu suficientemente na aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (máscaras, protetores faciais, álcool a 70% ou em Gel), na realização de testes RT-PCR e solorógico sistematicamente, além de não normatizar adequadamente o atendimento ao público.
Nestes termos, a Direção do Sintufepe comunica a deliberação das Assembleias dos(as) Trabalhadores(as) Técnico-Administrativos em Educação da UFPE pela manutenção do trabalho remoto para todos(as) até que sejam devidamente vacinados(as). Os recursos financeiros destinados aos projetos e convênios são relevantes para as universidades, mas o dinheiro não deve ter mais importância do que vidas humanas!
Todas as vidas importam!
Trabalho presencial só depois da vacina!
Recife, 27 de janeiro de 2021.
Direção do Sintufepe-UFPE