CONTRA A NATURALIZAÇÃO DA BARBÁRIE DA VIOLÊNCIA CONTRA AS
MULHERES NA UFPE
Por uma universidade que lute pela vida das mulheres!
“Eu sonho um dia que as minas não tenham que ser tão forte!”
Em Vitória de Santo Antão, quatro mulheres foram assaltadas
dentro de casa e duas delas também foram estupradas pelos assaltantes. Dessas
quatro mulheres, vítimas de crimes bárbaros que somente são possíveis graças a
naturalização do machismo em nossos dias, três são estudantes da UFPE, do
Campus de Vitória, e acabam também por se tornarem vítimas da ausência de
políticas públicas que levem a sério e lutem pela segurança das mulheres, de
maneira efetiva e preventiva, tanto por parte da Reitoria de Anísio e Flor
quanto pelo governador Paulo Câmara.
Somente em 2017, o estado de Pernambuco registrou 2.134
casos de estupro e 33.188 casos de violência doméstica e familiar contra
mulheres. Os números oficiais de registro de violências contra as mulheres
continuam a crescer e, aqui, é necessário pontuar que muitas não conseguem
sequer chegar ao ato da denúncia por inúmeros silenciamentos que vão desde o
seu agressor até os próprios agentes policiais, que deveriam garantir o
acolhimento de sua denúncia e sua proteção enquanto vítima. Na UFPE, apesar do
silencio da Reitoria, a insegurança e o medo permanecem no cotidiano das
mulheres que transitam no campus da universidade, principalmente entre aquelas
que são trabalhadoras e estudantes.
Entre aquelas que são estudantes, infelizmente não é a
primeira vez que crimes de estupro nos campus da universidade são denunciados.
Em 2015, a Frente Feminista nasce após as denúncias de três casos de estrupo no
campus Recife em menos de um mês, que foi necessário realizar inúmeros protestos
para que houvesse diálogo com a Reitoria. Recentemente, os cortes contra
assistência estudantil acabaram por aprofundar ainda mais as situações de
violências que existem ao redor, pois aquelas que não abandonaram seus cursos
pelo corte de auxílios fundamentais para suas permanências, principalmente
contra aqueles que garantem creche para seus filhos e moradia para poderem
estudar, acabam que se submeter a situações de extrema precarização fora da
universidade para seguirem na universidade. É valido lembrar que, apesar de
existirem casas estudantis no campus de Recife, as vagas existentes estão longe
de contemplar a demanda estudantil e, em Caruaru e Vitória, além de não haver
casas, a oferta do auxilio-moradia também passou por cortes impostos pela
Reitoria de Anísio e Flor.
A revolta que sentimos nesses casos de barbárie, que
mulheres são submetidas à extrema violência por homens que acreditam poderem
violenta-las, devem nos mobilizar para fazer com que nenhuma mulher vítima de
violência se torne mera estatística e que nenhuma outra mulher se torne mais
uma vítima. E não é possível priorizar qualquer vida se mantendo em silêncio e
omisso ao diálogo e as demandas das mulheres que estão dentro do campus como
faz a reitoria de Anísio e Flor. Para isso, nós precisamos entender que a
universidade precisa assumir a responsabilidade pelo avanço da qualidade de
vida para as mulheres que a constroem, sejam estudantes, técnica-administras,
professoras, trabalhadoras terceirizadas, do comércio informal e tantas outras.
O SINTUFEPE -SS/UFPE por meio da Coordenadora de Mulheres, Naara
Maeli, presta toda solidariedade as estudantes do Campus Vitória e faz um
chamado pra construção de um Fórum em defesa da vida das Mulheres da UFPE.