As entidades do movimento sindical, estudantil, negro e popular vêm a público trazer a denúncia de um brutal ataque às políticas afirmativas de inclusão por cotas e a evidência de racismo institucional praticados contra a servidora Nívia Tamires de Souza Cruz e estudante de mestrado da UFPE. Mesmo tendo sido aprovada pelas cotas étnico-raciais no concurso para bióloga realizado pela UFPE em 2016, convocada e empossada, trabalhando há 3 anos no DOCEAN, Nívia teve sua posse anulada devido a questionamentos referentes à ordem de convocação do concurso, praticamente sem direito à ampla defesa e sem o necessário empenho da UFPE em manter como corretos seus próprios atos administrativos. Nívia, mulher negra, mãe, bióloga, estudante do mestrado na própria UFPE, teve que se desvincular de dois empregos como professora, para assumir o vínculo agora cancelado. Na seleção de mestrado, não concorreu à bolsa devido à sua condição de servidora.
Denunciamos danos de todo tipo: descaso com a política de cotas, política pública presente na forma de Lei e resultado da histórica luta de movimentos e organizações antirracistas, na busca de oportunidades para as negras e negros brasileiros que historicamente são excluídos; o racismo institucional e o ataque ao plano de cargos e carreiras, uma vez que a servidora já cumpriu o estágio probatório, sendo assim, estável.
A decisão administrativa tomada pela instituição demonstra a forma descartável como é tratada a trajetória de luta de pessoas negras, revelando a farsa da meritocracia e reforçando o pacto da branquitude firmado entre a universidade, o poder judiciário e o candidato que questiona a vaga . Desta forma, reivindicamos a imediata recondução da servidora ao seu vínculo, legal e justamente conquistado, o respeito às políticas afirmativas e o fim do racismo institucional.
Justiça para Nívia. Sua luta é de todos nós!