Nota denunciando declaração feita no Consuni, comparando Passaporte Vacinal com AI-5, bem como o silenciamento dos membros do Conselho frente a esse pronunciamento
As
Técnicas e Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) da UFPE repudiam
veementemente a comparação da exigência de passaporte vacinal para retorno ao
trabalho com o AI-5 de 1968 da ditadura militar no Brasil, feita pela diretora
do Centro de Ciências da Saúde, em sessão extraordinária do Conselho
Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizado
no dia 23 de novembro de 2021.
A
pretexto de defender o retorno presencial das atividades administrativas, a
professora expressou que a exigência de comprovação de vacinação para o
retorno, uma das propostas apresentadas pelo Comando de Greve, seria semelhante
ao ato do governo militar. Devemos lembrar que este ato foi responsável pelo
acirramento do regime e contribuiu para a tortura e morte de brasileiras e
brasileiros. O passaporte vacinal, ao contrário, visa garantir que as pessoas
estejam vacinadas para circular nos espaços públicos, como medida de segurança
sanitária.
A
comparação tanto superdimensiona o que poderia ser problemático num passaporte
vacinal, quanto diminui o que foi o famigerado ato. Ela é, portanto,
desproporcional e descabida, consistindo numa afronta aos Direitos Humanos no
Brasil e à memória de um regime de exceção em nosso país. Espanta o silêncio
dos membros do Conselho e em especial da gestão central que conduzia os
trabalhos da sessão, na figura do reitor e vice-reitor, de uma universidade
pública como a UFPE, que teve muitos de seus quadros perseguidos durante o
regime.
Em
assembleia realizada no dia 30 de novembro, os TAES desta universidade
manifestaram seu repúdio à declaração e ao silenciamento, apontando a
necessidade de retratação por parte dos responsáveis, em respeito à memória de
familiares, amigos e amigas, e, sobretudo, às vítimas do regime.