Por Jadilson Miguel
Nesse
mês de novembro a questão da negritude e do racismo ganham maior fôlego nos
debates políticos, porém essa problemática deve ser pauta de todos os dias do
ano e de todos os campos das lutas.
O racismo é uma questão internacional e no
Brasil consiste num problema histórico que se constituiu desde os tempos do
início da colonização europeia, entranhando-se em todas as esferas da vida
social: no trabalho, na cultura, na religião, na vida afetiva. Portanto, ser
negro ou negra nesse país significa enfrentar mais dificuldades sociais e
econômicas, por exemplo, apenas em decorrência da condição de ser quem se é.
Isso não é exclusividade brasileira, visto que ser negro em muitos outros
países, a exemplo dos Estados Unidos, é também ser vítima de um processo social
violento.
Podemos compreender a manutenção do racismo de forma
tão viva como um elemento constitutivo do próprio desenvolvimento da sociedade
capitalista. Foram vários os processos históricos que objetificaram, marginalizaram
e invisibilizaram o povo negro obedecendo à lógica das mercadorias e do
capital: a retirada de milhões de pessoas da África por séculos para serem
escravizadas na América, o lugar de exército de reserva a que foram submetidos
no Brasil as pessoas negras após a
abolição da escravatura, o processo de industrialização no qual o
embranquecimento dos setores urbanos pela imigração europeia obedeciam um
imperativo racista. Os milhões de africanos escravizados, ao fim e ao cabo,
foram peças fundamentais da expansão capitalista nos séculos XV, XVI, XVII e
XVIII.
Não podemos deixar de destacar que no desenvolvimento
de uma sociedade racista como a nossa, destinaram-se às pessoas negras as
colocações mais precarizadas no mundo do trabalho, os bairros mais periféricos
nas cidades, sem falar no próprio sistema jurídico penitenciário que tem, escancaradamente,
um corte de raça, desfavorecendo com grande crueldade as pessoas negras. As
mulheres negras, neste cenário de opressões, ocupa um espaço ainda mais à
margem.
Diante de tamanho problema persistente e
histórico que é o racismo, estabelecido de forma estrutural em diversas
sociedades, sobretudo na brasileira, que falsamente ostentou o slogan de ser um
país de convivência harmônica racial, nos cabe enquanto trabalhadores e militantes
combatermos o racismo através de variadas frentes: a política, a pedagógica, a
cultural. É uma tarefa de grande monta que não pode ser dissociada de nossa
luta política. Por mais que esse problema não consiga ser de uma vez por todas
encerrado a curto prazo, é nossa tarefa política, ética e humana assumir uma
posição de combate a esse mal que, no Brasil de 2019, parece ganhar um pouco
mais de força com a situação reacionária em que vivemos e com um governo sob
cujo guarda-chuva cabem o racismo, o machismo e a homofobia Ou seja, num
processo de desgaste da democracia burguesa na periferia, como é o caso do
Brasil, a potencialização do racismo pelo espectro político da extrema direita
é condimento fundamental na radicalização do capital nos países periféricos. É
portanto urgente seguir lutando no enfrentamento a esta clivagem cruel,
enquanto militantes e trabalhadores da educação.