13 abril, 2020

Não é balbúrdia é ciência contra o novo coronavírus


Se houve um embate que colocou o governo Bolsonaro nas cordas em 2019 foi a disputa entre a ciência e o obscurantismo, de um lado, estudantes e trabalhadores da educação em todos os níveis, na defesa de mais investimento, valorização e contra os cortes no orçamento da educação pública, do outro um governo capitaneado por terraplanistas, religiosos fundamentalistas e fortemente influenciados por gente que tem desdenho à ciência. Hoje, com o país chegando ao pico dos casos de Covid-19 e passando da marca de mil mortes, de vitimas da pandemia, enquanto o presidente realiza um festival de informações falsas, além do descumprimento de regras básicas, dando mau exemplo para a população, são as Universidades Públicas Federais e Institutos Federais que se destacam na luta contra a pandemia do novo coronavírus-COVID-19.

Ainda que com a suspensão de aulas, pesquisas seguem sendo produzidas em todo o país. Desde o ano passado, quando o presidente seguia a sua regra particular em dizer que “[No Brasil] não tem [pesquisas]” e que “grande parte [das pesquisas] tá na iniciativa privada”, cabe destacar que as Universidades Federais produzem quase que a totalidade das pesquisas no Brasil com aproximadamente 95%, destacando aí a do genoma do novo Coronavírus.

Diante da realidade, com a academia brasileira demonstrando sua importância e eficiência, o governo concede 2.600 bolsas para estudos em epidemias e convoca estudantes da área de medicina, enfermagem, farmácia e fisioterapia para atuarem na rede de atenção básica, em hospitais e comunidades.

Universidades Federais versus Coronavírus

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) abriu uma chamada de apoio a pesquisas para o combate ao Covid-19 e outras síndromes respiratórias agudas, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As propostas podem ser feita até o dia 27 de abril. Já estudantes de Sistemas de Informação da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) desenvolveram um aplicativo de celular que ajuda na prevenção do ciclo de contágio da doença, podendo identificar, por meio da geolocalização dos celulares e mapas de calor, onde encontrar estabelecimentos de serviços essenciais, além de identificar possíveis pontos de aglomerações, nas ruas da Região Metropolitana do Recife.

O laboratório da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) está produzindo álcool com 70% glicerinado para suprir a falta no mercado e também para a comunidade universitária. Esse álcool tem o mesmo efeito que o álcool em gel.

No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) utilizam impressoras 3D para construírem máscaras de proteção para ser doadas aos hospitais e outros equipamentos.

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) informam que estão desenvolvendo um protótipo de ventilador pulmonar mecânico para ser reproduzido em massa. O equipamento poderá contribuir para suprir a necessidade dos hospitais por esses aparelhos.

Estes e outros exemplos de ações desenvolvidas pelas Universidades Públicas brasileiras mostram a importância estratégica para o país de se valorizar a educação e a ciência como suporte do SUS (Sistema Único de Saúde) e da saúde pública. Para isso é necessário nesse momento resgatar a pauta da revogação da Emenda Constitucional 95 (EC95), que põe em vigor o congelamento de investimentos por 20 anos, nos sérvios públicos, entre eles educação e saúde.