Em um contexto histórico de retrocessos, onde o Estado expressa sua face genocida, promovendo mecanismos de exclusão do povo negro e com requintes ainda mais cruéis com a mulher negra, é que se cabe afirmar mais uma vez que “vidas negras importam”, pois combater o racismo e machismo, além do sistema que sustenta e institucionaliza esses tipos de violência é crucial para efetivar o direito à vida. Dia 25 de julho é o dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e só esse registro, materializado em uma data, vale uma vida inteira de lutas.
Dia 25 de julho é dia de se espelhar em uma rainha negra,
Tereza de Benguela, comandante do quilombo do Quariterê – na região do Vale do
Guaporé, nas terras que se estende pelo Mato Grosso, quase divisa com a
Bolívia. Uma organização territorial negra que se desenvolveu militar e
economicamente e que por 20 anos sobreviveu pondo em xeque as investidas do
governo escravista para derrotar o quilombo.
A memoria de Tereza de Benguela se mantem presente na luta
das mulheres negras. E foi nesse dia, no ano de 1992, em Santo Domingo, na
República Dominicana, com a realização do 1º Encontro de Mulheres
Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, que se deu a criação da Rede de
Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, utilizando-se do “25 de
julho” como marco de resistência.
Mesmo que a descendência dos colonizadores, mais uma vez,
esteja no poder executivo da nação, a ancestralidade de luta da mulher negra se
firma, calcado do feminismo negro, lutado para ocupar espaços de poder e avanços
sociais. Essa memória traz consigo outras tantas rainhas tão importantes quanto
Tereza nessa luta. Um salve à todas: Jurema Batista, Carolina de Jesus,
Lélia Gonzalez, Marielle Franco, Dandara, Elza Soares, Antonieta de Barros, Camila
Pitanga, Ruth de Souza, Benedita da Silva, Laudelina de Campos e tantas outras.