13 julho, 2015
Greve dos motoristas e expediente dos técnicos na UFPE
Todas as vezes que se deflagra a bastante mobilizada greve dos motoristas de ônibus a história se repete: a reitoria da UFPE suspende as aulas mas não as atividades administrativas. Muitos colegas nem saem de casa por saberem que não conseguirão chegar ao trabalho. Mas não é política da Universidade suspender o expediente como um todo, para TODAS AS CATEGORIAS.
Ora, não existe nenhuma justificativa lógica para liberar os professores e, por tabela, os estudantes de suas atividades e não o fazer para os técnicos. Todos enfrentamos o mesmo problema de locomoção, muitos de nós dependemos de ônibus. Não há nenhuma razão objetiva para essa distinção de tratamentos. Há, sim, uma motivação política. Assim como acontece na iniciativa privada, na qual trabalhadores muito mais precarizados do que nós não sentem nem o cheiro da liberação, os patrões nos órgãos públicos se recusam a entender que uma paralisação dos trabalhadores do transporte público significa impossibilidade de locomoção para os outros trabalhadores. Todos eles.
A posição recorrente da reitoria inaceitável por dois princípios muito simples: 1) a paralisação dos transportes afeta toda a população, não apenas estudantes e professores; 2) a luta dos trabalhadores do transporte é uma luta de todos por melhores condições de vida, a qual toda a população tem o direito de se solidarizar. Nós, técnicos, estamos em greve e suspendemos nossa atividade de mobilização por estes motivos. Não esperaríamos dos nossos chefes entender que nos solidarizamos com os trabalhadores que amanha entrarão em greve. Mas a razoabilidade lógica nos faz questionar por que, na avaliação da reitoria, a nossa dificuldade de locomoção é diferente da das outras pessoas.
Talvez a postura da UFPE seja embasada na posição de subalternidade em que os técnicos são colocados dentro da hierarquia invisível da Universidade. Talvez a reitoria pense que, com os nossos gordos salários, todos possuímos transporte particular e não seremos afetados pela greve nos transportes.
É importante ressaltarmos que técnico administrativo não é inferior a professor ou estudante. É importante lembrarmos que o transporte coletivo é o meio prioritário de traslado para a maior parte da população. Se alguns companheiros optam por ter um transporte individual, como o carro, é pela ineficácia do sistema de transportes, não só em pernambuco, como no pais inteiro. Mas este não é um argumento para obrigá-los a trabalhar.
Uma greve dos trabalhadores do transporte problematiza, também, a ineficácia deste sistema, que paga pouquíssimo para os trabalhadores, preta um serviço péssimo para o povo e garante altos lucros para a oligarquia de empresários que o administra.
Amanhã não teremos atividade por conta da paralisação da categoria dos transportes. Amanhã, aos colegas que não aderiram à greve, deveria ser dia de folga para todos.
Toda a solidariedade à greve dos trabalhadores do transporte!
Contra a política segregadora da reitoria da UFPE!